sábado, 21 de agosto de 2010

.tear in heaven.


A primeira coisa que tenho pensado todos os dias quando acordo, nesses últimos meses, é que hoje é o dia em que vou escrever para amigos, família, amores, desamores e mais uma porção de estranhos, tudo o que tem acontecido desse lado de cá.

Não que vá mudar alguma coisa, mas só de saber que também não piorará, parece bastante vantajoso, para alguém que em momentos de tristeza, se afunda mais e mais em músicas, versos, textos e o que mais puder encontrar que não deixe esquecer daquilo que diz para todos que já passou, enquanto observa a obsessão ganhar pernas, mãos e independência.


Novos dias, novas experiências, novas pessoas, novas tristezas, novas brigas. Teria um milhão de motivos para escrever um livro inteiro de novos assuntos, mas quando sento nessa cadeira, em frente a esse computador, nesse quarto cheio de lembranças, é só isso que consigo pensar, e começo a perceber que tudo o que sou é baseado numa inspiração. Para escrever, dar conselhos e falar como se soubesse realmente do que estou falando. Mas em momentos como esse, quando não se tem mais a tal inspiração, ela vira uma fixação infantil, tudo parece inútil, e não serve pra mais nada além de fazer sofrer.


Não dá para se tirar conclusões, para ser feliz, para se inspirar, já foi tão enxugada que nem mais palavras bonitas se consegue tirar de lá, é só tristeza, é para isso que ela serve, para machucar e doer como se fosse a primeira vez.
Tudo parece velho e batido, como nas milhares de vezes em que os amigos fazem todo aquele discurso chato de “amor próprio” em que tudo o que você pensa é “To cagando para isso”.


Prometo que esse é o último texto que escrevo pensando nisso, da mesma forma como prometi inúmeras vezes não voltar àquele inferno, e que nos segundos em que pensava em voltar, eu via que era um daqueles momentos em que o melhor a se fazer é sempre a pior opção. Nunca haveria paz para aqueles que já começaram no errado, se mantiveram no errado, e a única coisa de certo que fizeram foi se encontrarem sabendo que seria a última vez. As pessoas têm medo de despedidas, mas o meu grande medo sempre foi não ter uma.


Dizem que a vida não nos dá mais do que podemos suportar, mas acho sim que a vida errou de destinatário dessa vez. Não suporto, não agüento, não quero ser forte e principalmente não quero passar disso. É o ponto em que deito de barriga pra cima, abro os braços e digo: “Eu desisto”.
Porque eu desisto mesmo. Não quero dar a volta por cima, não quero enriquecer com livros de “eu consegui, você também pode”, não quero me sentir livre daqui há 5 ou 50 anos, porque não quero que isso passe.


Acho que essa é sempre a parte que as pessoas nunca conseguem entender: Eu não quero que isso passe. Não quero mesmo, de verdade, do fundo de tudo o que me tornei, isso faz parte, e não quero perder toda a amargura que sou.
O fim não me faz mal, o que me faz mal é saber que esse fim traz consigo a obrigação de evidenciar o que já não se tem mais.


Não estou disposta a mandar tudo pro inferno, a não mais lembrar das partes boas e ruins sem conseguir distinguir qual era qual, não quero esquecer como se nunca tivesse existido, só tenho como meta, aprender a viver sem, e vou seguir com ela enquanto fizer sentido.

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